Soneto do maior amor
Maior amor nem mais estranho existe
Que o meu, que não sossega a coisa amada E quando a sente alegre, fica triste
E se a vê descontente, dá risada.
E que só fica em paz se lhe resiste
O amado coração, e que se agrada
Mais da eterna aventura em que persiste
Que de uma vida mal-aventurada.
Louco amor meu, que quando toca, fere
E quando fere vibra, mas prefere
Ferir a fenecer – e vive a esmo Fiel à sua lei de cada instante
Desassombrado, doido, delirante
Numa paixão de tudo e de si mesmo.
Vinícius de Moraes Oxford, 1938
Poética
De manhã escureço
De dia tardo De tarde anoiteço
De noite ardo.
A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.
Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem
Nasço amanhã
Ando onde há espaço: – Meu tempo é quando.
Nova York, 1950
Soneto do amor total
Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade
Amo-te afim, de um calmo amor prestante,
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente,
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim muito e amiúde,
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.
Rio de Janeiro, 1951
Dialética
É claro que a vida é boa
E a alegria, a única indizível emoção
É claro que te acho lindo
Em ti bendigo o amor das coisas simples
É claro que te amo
E tenho tudo para ser feliz
Mas acontece que eu sou triste...
Montevidéu, 1960
Dever cumprido. Nunca é vã A palavra de um poeta... – jamais!
sexta-feira, 16 de janeiro de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Eu, Macunaíma
***AI, QUE PREGUIIIIÇA!!!!
Escreve, que eu te leio!!
Reclamações, sugestões, críticas,
xingamentos, elogios?
Escreve, que eu te leio, filho(a)!
e-mail
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Escreve, que eu te leio...