LEI DA RELATIVIDADE

Nada é tão fácil quanto parece, nem tão difícil quanto a explicação do manual.

sábado, 31 de janeiro de 2009

às vezes sara amanhã...

Amor é bicho instruído
Olha: o amor pulou o muro
o amor subiu na árvore
em tempo de se estrepar.
Pronto, o amor se estrepou.
Daqui estou vendo o sangue
que escorre do corpo andrógino.
Essa ferida, meu bem
às vezes não sara nunca
às vezes sara amanhã.
C DRUMMOND A

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

eu, outro dia
me lembrei de você,
ouvindo uma canção
que pudesse dizer
como eu
como tuc
omo velhos tratantes
como velhos amigos
como grandes perigos
como grandes amantes
nos poucos instantes de amor
eu outro dia
me esqueci lentamente
ouvindo
a razão na palavra de ordem
corrente

e que eu
e que tudo
e que todos os passos
e que todos beijos

e que os longos abraços
e que os longos desejos
não caiam aos pedaços...
e que eu
e que tu
e que todos os passos
e que todos os beijos
e que os longos abraços
e que os longos desejos
não caiam aos pedaços...
Mas já é tarde demais.



Secos & Molhados
CUIDE-SE BEM

Cuide-se bem,
perigos há por toda parte
e é bem delicado viver...
de uma forma ou de outra
é uma arte,
como tudo...



Cuide-se bem!!
tem mil supresas à espreita
em cada esquina mal iluminada,
em cada rua estreita
do mundo
Cuide-se bem
pra nunca perder esse riso largo
e essa simpatia estampada no rosto!!!



Cuide-se bem
eu quero te ver com saúde
e sempre de bom-humor
e de boa-vontade com tudo...



Cuide-se bem

pra nunca perder esse riso largo...




destino


Não...

não sei é um truque banal

se um invisível cordão

sustenta a vida real...

cordas de uma orquestra,

sombras de um artista...

(...)

chove tanta flor...

(...)


ao cair em si

(...)




VOLTA



VOLTA


Quantas noites não durmo

a rolar-me na cama

a sentir tanta coisa

que a gente não sabe explicar quando ama...



O calor das cobertas

não me aquece direito

não há nada no mundo

que possa afastar esse frio do meu peito!



Volta!!!

vem viver outra vez ao meu lado

não consigo dormir sem teus braços,

pois meu corpo está acostumado...



Quantas noites não durmo,

a rolar-me na cama...




Começo de uma insônia "Musical"...

FOI UM RIO QUE PASSOU EM MINHA VIDA
se um dia meu coração for consultado
para saber se eu tou errada
será difícil negar...
O meu coração tem mania de amor;
amor não é fácil de achar...
as marcas dos meus desenganos
ficou,
ficou!!!!
só um outro amor pode apagar...

porém...há um caso diferente
que marcou num breve tempo
o meu coração para sempre...
(...)
foi um "tsunami" que passou em minha vida
e meu coração se deixou levar!!!

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

simplesmente INSÔNIA

Insônia

Não durmo, nem espero dormir.
Nem na morte espero dormir
.
Espera-me uma insônia da largura dos astros,
E um bocejo inútil do comprimento do mundo.
Não durmo; não posso ler quando acordo de noite,
Não posso escrever quando acordo de noite,
Não posso pensar quando acordo de noite —
Meu Deus, nem posso sonhar quando acordo de noite!
Ah, o ópio de ser outra pessoa qualquer!
Não durmo, jazo, cadáver acordado, sentindo,
E o meu sentimento é um pensamento vazio.
Passam por mim, transtornadas, coisas que me sucederam
— Todas aquelas de que me arrependo e me culpo;
Passam por mim, transtornadas, coisas que me não sucederam
— Todas aquelas de que me arrependo e me culpo;
Passam por mim, transtornadas, coisas que não são nada,
E até dessas me arrependo, me culpo, e não durmo.
Não tenho força para ter energia para acender um cigarro
.
Fito a parede fronteira do quarto como se fosse o universo.
Lá fora há o silêncio dessa coisa toda.
Um grande silêncio apavorante noutra ocasião qualquer,
Noutra ocasião qualquer em que eu pudesse sentir.
Estou escrevendo versos realmente simpáticos —
Versos a dizer que não tenho nada que dizer,
Versos a teimar em dizer isso,
Versos, versos, versos, versos, versos... Tantos versos...
E a verdade toda, e a vida toda fora deles e de mim!
Tenho sono, não durmo, sinto e não sei em que sentir.
Sou uma sensação sem pessoa correspondente,
Uma abstração de autoconsciência sem de quê,
Salvo o necessário para sentir consciência, Salvo — sei lá salvo o quê...
Não durmo. Não durmo. Não durmo.
Que grande sono em toda a cabeça e em cima dos olhos e na alma!
Que grande sono em tudo exceto no poder dormir!
Ó madrugada, tardas tanto...
Vem...
Vem, inutilmente,
Trazer-me outro dia igual a este, a ser seguido por outra noite igual a esta...

Vem trazer-me a alegria dessa esperança triste,
Porque sempre és alegre, e sempre trazes esperança,
Segundo a velha literatura das sensações.
Vem, traz a esperança, vem, traz a esperança.
O meu cansaço entra pelo colchão dentro.
Doem-me as costas de não estar deitado de lado.
Se estivesse deitado de lado doíam-me as costas de estar deitado de lado.
Vem, madrugada, chega!
Que horas são? Não sei.
Não tenho energia para estender uma mão para o relógio,
Não tenho energia para nada, para mais nada...
Só para estes versos, escritos no dia seguinte.
Sim, escritos no dia seguinte.
Todos os versos são sempre escritos no dia seguinte.
Noite absoluta, sossego absoluto, lá fora.
Paz em toda a Natureza.
A Humanidade repousa e esquece as suas amarguras.
Exatamente.
A Humanidade esquece as suas alegrias e amarguras.
Costuma dizer-se isto.
A Humanidade esquece, sim, a Humanidade esquece,
Mas mesmo acordada a Humanidade esquece.
Exatamente.
Mas não durmo.



Fernando Pessoa - Álvaro de Campos

Insônia da Separação

Soneto de separação
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante

De repente, não mais que de repente.

Insônia Poética

Soneto do maior amor
Maior amor nem mais estranho existe
Que o meu, que não sossega a coisa amada E quando a sente alegre, fica triste
E se a vê descontente, dá risada.
E que só fica em paz se lhe resiste
O amado coração, e que se agrada
Mais da eterna aventura em que persiste
Que de uma vida mal-aventurada.
Louco amor meu, que quando toca, fere
E quando fere vibra, mas prefere
Ferir a fenecer – e vive a esmo Fiel à sua lei de cada instante
Desassombrado, doido, delirante
Numa paixão de tudo e de si mesmo.

Vinícius de Moraes Oxford, 1938

Poética
De manhã escureço
De dia tardo De tarde anoiteço
De noite ardo.
A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.
Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem
Nasço amanhã
Ando onde há espaço: – Meu tempo é quando.

Nova York, 1950

Soneto do amor total
Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade
Amo-te afim, de um calmo amor prestante,
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente,
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim muito e amiúde,
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.

Rio de Janeiro, 1951

Dialética
É claro que a vida é boa
E a alegria, a única indizível emoção
É claro que te acho lindo
Em ti bendigo o amor das coisas simples
É claro que te amo
E tenho tudo para ser feliz
Mas acontece que eu sou triste...

Montevidéu, 1960






Dever cumprido. Nunca é vã A palavra de um poeta... – jamais!

Eu, Macunaíma

***AI, QUE PREGUIIIIÇA!!!!

Escreve, que eu te leio!!

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